
Adotar uma estrutura de conteúdo clara, consistente e previsível em um site é fundamental para promover uma web mais acessível, inclusiva e acolhedora para todas as pessoas. É muito mais que estética ou usabilidade. Uma navegação bem estruturada e sem surpresas garante que todo mundo possa acessar e utilizar os conteúdos de forma autônoma.
Esse cuidado faz parte do princípio Compreensível das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG). Dentro desse princípio, a diretriz Previsível orienta que os elementos de navegação e operação estejam sempre organizados de forma consistente, facilitando a compreensão e a interação no ambiente digital.
Quando os menus, botões e outros elementos que se repetem aparecem na mesma ordem em todas as páginas, a navegação se torna mais fluida e acessível. Por outro lado, quando há mudanças na ordem ou na identificação desses elementos, isso pode gerar confusão, impactando diretamente a experiência de navegação de muita gente.
Vamos explorar a seguir como aplicar de forma prática dois critérios que fazem parte da diretriz Previsível: o 3.2.3 (Navegação Consistente) e o 3.2.4 (Identificação Consistente). Este é mais um texto da nossa série “WCAG simplificado”, que trata sobre acessibilidade em sites, tendo como base as recomendações internacionais do WCAG.
O que diz o critério 3.2.3 do WCAG?
O critério Navegação Consistente orienta que os mecanismos de navegação que aparecem em mais de uma página dentro de um mesmo site sejam apresentados na mesma ordem todas as vezes, exceto quando a pessoa decidir alterá-los. Isso inclui menus, barras de navegação, busca interna e outros elementos recorrentes.
A consistência na navegação ajuda a evitar confusão, especialmente para pessoas que dependem de leitores de tela ou que têm dificuldades de memorização e processamento de informações.
O que diz o critério 3.2.4 do WCAG?
O critério Identificação Consistente estabelece que os componentes que possuem a mesma funcionalidade em diferentes páginas sejam sempre identificados de forma consistente. Por exemplo, um link, botão ou campo de formulário que executa a mesma ação deve ter sempre o mesmo nome, ícone ou rótulo.
Isso permite que as pessoas reconheçam rapidamente as funcionalidades, sem precisar reaprender como usá-las em cada página do site.
Boas práticas para estruturar o conteúdo de forma acessível
Garanta menus consistentes
Sempre que possível, ofereça um menu de navegação que esteja presente em todas as páginas do site, tanto no cabeçalho quanto no rodapé.
Esse menu deve permitir que a pessoa se desloque facilmente entre as seções principais, como “Página Inicial”, “Sobre”, “Serviços”, “Blog” e “Contato”.
Certifique-se de que todas as páginas estejam acessíveis a partir desse menu, evitando menus diferentes em seções distintas do site.
Mantenha a ordem dos elementos
A ordem dos itens dentro dos menus, assim como de blocos de navegação que se repetem, deve ser sempre a mesma em todas as páginas. Por exemplo, se no cabeçalho a sequência for “Início – Sobre – Blog – Contato”, essa ordem precisa ser mantida em todas as páginas do site.
Isso também vale para menus laterais, barras de ferramentas, rodapés e qualquer outro componente de navegação recorrente.
Alterar essa ordem de uma página para outra pode gerar confusão, especialmente para pessoas que utilizam leitores de tela ou que têm dificuldade de memorização e processamento de informações.
Links precisam ser previsíveis
Componentes que têm a mesma função devem ser identificados da mesma forma, sempre. Isso significa que, se você tem um link ou botão chamado “Fale conosco” no cabeçalho, por exemplo, ele deve ter exatamente o mesmo nome e levar para o mesmo destino no rodapé, na lateral ou em qualquer outro local da página.
Evite criar variações como “Entre em contato” em uma área e “Fale conosco” em outra, se ambos levam para a mesma página. A consistência na nomenclatura e na funcionalidade ajuda a reduzir a carga cognitiva e torna a navegação muito mais intuitiva para todas as pessoas.
Além disso, se um componente interativo aparece de formas diferentes em páginas distintas, avalie se ele pode ser padronizado. Isso não significa que o site não possa ter variações visuais, mas que a lógica de navegação e o funcionamento dos elementos sejam sempre os mesmos.
Aprenda mais sobre os critérios relacionados à estrutura de navegação
- Critério de Sucesso 3.2.3 – Navegação Consistente
- Critério de Sucesso 3.2.4 – Identificação Consistente
Leia também:
- WCAG simplificado: como facilitar a identificação e a correção de erros em formulários
- WCAG simplificado: como facilitar a leitura de conteúdos digitais
- WCAG simplificado: entenda a importância do foco na navegação online
- WCAG simplificado: como garantir navegação e identificação consistentes no seu site
- WCAG simplificado: aprenda a criar e organizar títulos de páginas e seções acessíveis
- WCAG simplificado: por que é importante garantir o redimensionamento do texto em seu site?